Decisões...

23:00 - Era ficar em casa na preguiça recostado no cadeirão a ver um filme no quentinho que, lá fora, não chove nem faz orvalho, faz um frio que nem se pode... ou ir trabalhar... Ah, se ao menos todas as decisões fossem tão fáceis... É claro que vou trabalhar!

As Nautilus e a Nação


Ora vejamos o que está aqui na T3... colunas B&W Nautilus... 53.000€!? Claro que devem soar muito bem e penso que todos concordarão que aquele design magnífico aparenta ser o resultado do cruzamento entre um molusco gastrópode gigante e um africano que bebeu demais. Mas um investimento assim deve ser ponderado, não acha? Claro que não vou dizer que mais de metade da população mundial apenas dispõe de 1€ por dia e que, nesses termos, o abastado leitor poderia alimentar 134 pessoas durante um ano e ainda comprar umas Sonus Faber bastante decentes. Não! Porque isso era o que todos esperavam que eu dissesse! Sinto-me no entanto na obrigação de o ajudar a gastar esse dinheiro de forma mais sensata.

Não é para fazer ressaltar o óbvio mas reparem que, por coincidência estamos a falar de qualquer coisinha como 88.333 minis Super Bock! Com isto num só dia você pode convidar um pequeno país para tomar uma cerveja! Três vezes! Mas fique por cá com o pessoal e pague 242 minis por dia durante um ano, ou, se preferir, 48 durante 5 anos... que, já lá chegou, perfazem a bonita quantia de duas grades! Se a ideia for mesmo impressionar os amigos, considere seriamente esta opção e dê a sua contribuição para a indústria cervejeira em particular e para a cultura portuguesa em geral. Neste caso, esqueça as colunas. No final não vai pensar sequer em ouvir barulho durante uns tempos.

Como? Não ficou convencido? Cerveja não é bem a sua onda? Mau, primeiro quer comprar umas colunazitas aos caracóis, e agora não gosta de cerveja?... O que está a fazer no meu blog? Ok, para não me acusarem de falta de tolerância perante a liberdade das escolhas sexuais dos leitores, aqui está outra sugestão que, se conjugada com muito sexo heterossexual, ainda o redime: compre umas Martin Logan pois são maricas o suficiente (não se deixe enganar pela parte do Logan), pegue no que resta e gaste metade em gasolina (dá uns 24.500 litros aos preços de hoje mas na próxima semana poderá baixar para 15.000). Pegue num carrito económico (que não passe muito dos 15 litros aos 100 Km.) a gasolina (sim, é para viajar e não para a agricultura, foi para isso que se inventou o motor Diesel) e faça uns 10.000 Km de turismo nacional. Dessa forma:

- Está a contribuir com uns 3/4 do dinheiro da gasolina para os cofres do Estado, ajudando a combater a crise económica.

- Está a deixar felizes milhares de accionistas da Galp Energia que, desta forma ficam mais optimistas e aumentam o investimento, ajudando a combater a crise económica.

- Lembra-se da outra metade que não gastou? Esse é para o sector do turismo, pois vai ter que dormir e comer em algum lado, certo? Ah, e com isso vai contribuir com uns 21% para os cofres do estado, ajudando a combater a crise económica.

- Não sei se sou só eu ou isto anda aí um frio que não se pode. Ao seguir o meu conselho e decidir ir queimar gasolina, o leitor estará também a contribuir para o aquecimento global, melhorando as condições climatéricas não só no Inverno, mas também no Verão. Não sei se já notou, mas no inverno vão sempre meia dúzia de gatos-pingados para a Serra da Estrela fazer figuras ridículas na neve, enquanto os outros vão para a Sierra Nevada em Espanha. Há qualquer coisa de pavloviano nos portugueses. Está frio, vamos para onde? Para a neve. Está calor, vamos para onde? Para o Algarve e para o Alentejo! Até os espanhóis, que desta forma também deixam cá algum para, já adivinhou... ajudar a combater a crise.

Assim, recapitulemos:


+ Aquecimento Global
=
+ Turismo
=
+ Estabilidade Económica

Percebeu?

Ideias...


Li na revista Blitz que a Renova chocou o mundo com uma ideia original: o papel higiénico "de cores fortes, principalmente o preto - que promete tornar qualquer casa de banho muito mais chic". "Utilizado nos mais luxuosos ambientes de banho de Nova Iorque, Paris, Milão ou Tóquio"... "reconhecido internacionalmente pelo New York Times como um "must have" do século, com direito a exibição e destaque na exposição Salon Maison & Objects em Paris, e até na cadeia norte-americana Fox"! E no entanto parece impossível ninguém ter pensado nisso antes e revolucionado o mercado do papel higiénico. A razão pela qual não foi feito é aquela que o perspicaz leitor já terá concluído e a mesma pela qual não existe em castanho. Admiravelmente não é a primeira vez que as nossas ideias são apreciadas primeiro no estrangeiro. Mas não vou agora falar sobre o Durão... Barroso... Mas isto sou eu com conversas de merda.

Pensamentos (auto)móveis


Há dias e sítios que não são mesmo para tentar conduzir... Viajo entre Santiago do Cacém e Vila Nova de Santo André para descobrir que, sem o meu conhecimento prévio, agora se anda a 40 Km/h dentro e fora das localidades. Ou então era o senhor que ia à minha frente num Peugeot 206 que pensava assim. Mais devagar e estaria a andar para trás. Tento ajudar. Depois de o ultrapassar, faço mudar o semáforo para vermelho, passando ainda com o amarelo, só para que esse senhor possa descansar um pouco.


Regresso a Santiago e estaciono. Demoro-me um pouco a ler algo e, assim do nada, sinto uma pancada no carro que o deslocou um pouco para trás. Buzinei. Não obtive reacção. Saí e fui falar com o condutor da viatura que me tentava abalroar. Era um 'homenzito' que tentava estacionar uma Peugeot 307 à frente do meu carro e que, prontamente, abriu a janela. "- O senhor importa-se de não estacionar em cima do meu carro?", perguntei. "- Bati-lhe? Não dei por nada!", disse ele. Aceitei o que me pareceu ser um desafio e tentei dizer algo ainda mais disparatado. "- Por pouco empurrava-me para outro fuso horário e não deu por nada?" disse eu com um sorriso, confiante de que tinha ganho.


Há sempre algo comum entre os condutores de Peugeots de meia-idade. São demasiado poupados para comprarem um Toyota, não gostam o suficiente de conduzir para comprarem uma marca alemã e são demasiado orgulhosos para comprarem Citroën e assim dizer ao mundo que já viveram, trabalharam, tiveram filhos, netos e que agora estão só à espera de morrer. São, no entanto, demasiado confiantes das suas capacidades de condutor para acreditarem que assim chegam mais cedo ao destino do que se caminhassem.