Homo Habilis - Regresso a um passado recente

Durão Barroso: o caso do auto-despedimento com justa causa e ao abrigo da lei de Peter, pois o cargo que ocupava não era equiparado à sua incompetência. Foi promovido e fez-se substituir por um homem cuja incompetência ainda não tinha atingido a notoriedade merecida o que aconteceu passado pouco tempo, provando assim que por vezes basta uma oportunidade para mostrarmos do que somos capazes. Neste momento temos no mesmo lugar uma pessoa que, apesar de tanto esforço, tanta dedicação, ainda não conseguiu provar que é tão merecedor quanto os seus antecessores. Assumo que não seja fácil dar continuidade a um legado daquela envergadura mas creio que a seu tempo também irá conseguir. Soube isso desde que assumiu o seu lugar e disse para mim: ora aqui está um autêntico diamante por lapidar. Assisti orgulhoso quando quebrou o seu primeiro compromisso eleitoral e ao segundo pensei que estava a olhar para mais um caso de sucesso precoce. Mas o povo é ingrato e muitas vezes teima em ignorar quem tanto empenho demonstra. Eu ainda estou contigo, Zézito! Posso chamar-te Zézito, não posso? Afinal tanta vez me meteste a mão no bolso que já somos íntimos...

Emigrantes preferem Espanha

Segundo as últimas estatísticas, Portugal está a ser ultrapassado pelo país vizinho no que diz respeito à importação de mão-de-obra estrangeira e às escolhas de quem procura um novo país para trabalhar. Muitos têm sido os imigrantes a abandonar o nosso país rumo a Espanha em busca de melhores condições.

Isto preocupa-me. Por um lado isso significa que os imigrantes estão a ficar mais exigentes e que em qualquer altura pretenderão mesmo ser pagos pelos seus serviços. Há já quem arrisque previsões de quantias superiores a várias dezenas de euros mensais numa perigosa tentativa de aproximação à barreira psicológica do meio salário mínimo nacional (BPMSMN), com consequências drásticas para a o sector da construção civil. Num sector que, segundo os empresários, vai "de mal a pior", esta sondagem terá levado já alguns deles a reacções de pânico tais como ponderar manter o mesmo automóvel por períodos que, em alguns casos, poderão vir a exceder um ano ou até mesmo a fazer mensalmente uma refeição em casa.

Num cenário mais extremo fazem-se projecções de evolução da situação até ao ponto em que os imigrantes que restarem exigirem um salário mínimo completo e inscrição na Segurança Social. Com toda a população activa a pagar impostos, rapidamente o governo deixaria de encontrar razões para manter a sobrecarga fiscal sobre os contribuintes, embora devido aos níveis de criatividade económica desde sempre demonstrados pelos nossos dirigentes e políticos, não se vislumbrem motivos para preocupações nesse sentido.

Do ponto de vista antropológico-cultural podemos vir a sentir alterações em zonas tão carismáticas como as Linhas de Sintra e de Cascais, nomeadamente a sua repovoação por indivíduos de etnia caucasiana, o que irá fazer com que esses locais fiquem descaracterizados.

No topo das minhas preocupações não poderia deixar de estar o decair das relações de agradável convívio entre Portugueses e emigrantes provenientes do Brasil e do Leste da Europa, campo que tem assistido a grande desenvolvimento graças a iniciativas que tantas vezes esquecem ao elogio e que deveriam ter mais apoio por parte do Estado, não ficaria mal ao Presidente da República fazer uma pequena homenagem mas cada um sabe de si, claro que me refiro à secção de convívio do jornal Correio da Manhã.

Deus é grande mas olha que o José Cid...

Esta foto é uma piada fácil e já é velhota mas tem sempre graça porque se explica a si própria, em contraste com a personalidade do modelo. O que levará as pessoas a tentar fazer o amor com os objectos mais estranhos não está aqui em questão pois, no caso ilustrado, será obviamente porque sim e por o diâmetro do buraco ser apropriado. O que me faz espécie é que, neste caso, a foto não caiu acidentalmente nas mãos erradas e foi parar à net. Ai não? Não! Este senhor fez mesmo questão de a divulgar, o que torna o caso insólito e triste. O fotógrafo até terá dito "No início estava com as minhas dúvidas mas assim com os óculos de sol, à partida está ganho".

São espécimes assim que fazem a vida negra aos darwinistas...

Tudo tem explicação


Claro, ninguém é assim tão estúpido sem ajuda!

Esta era fácil...

Roberto Leal - Espécie canora luso-brasileira que deveria ter optado pela não reprodução alegando motivos evolucionistas. Pode ouvi-lo em "Chora Carolina", obra-prima do sadismo que só encontra paralelo no clássico infantil "atirei o pau ao gato" e apenas devido ao tom de desilusão utilizado no verso "mas o gato-to não morreu-eu-eu".

Não, a outra direita!

Cedo ouvi dizer que o nosso Primeiro Ministro dava para os dois lados mas até aqui só o vejo ir para a direita...

Tragédia Cultural

Maria João Pires, desiludida com a falta de apoios do Estado Português às artes em particular e à sua em geral, bateu com a porta e partiu rumo a outras paragens. Não recorreu à violência nem ameaçou a integridade física do Primeiro Ministro pelo processo de o pontapear na zona onde normalmente se encontrariam os órgãos reprodutores de forma forte e repetida para gáudio dos darwinistas e da oposição. Não que esteja a querer dar ideias a ninguém pois até desaprovo a violência contra as mulheres.

Assim partiu Maria, levando uma mala de cartão e uma enorme tristeza no olhar, conforme me relatou um senhor baixinho, de fato, que usa óculos, trabalha no PSD e certamente não iria mentir-me. Apoio o gesto.

Como é sabido, o apoio estatal tem sido determinante para a nossa cultura. Sem o apoio do estado nunca se teriam produzido tais obras-primas como "Branca de Neve" de João César Monteiro, o visionário inventor do conceito de cinema para invisuais, ou a filmografia completa de Manoel de Oliveira, tida pela Associação Portuguesa de Luta Contra a Insónia como uma terapêutica lufada de ar fresco, ou ainda os espectáculos de revista à portuguesa com laivos de antiquário vanguardista encenados por Filipe La Féria, essa conceituada artista capaz de reunir consenso em qualquer lar de terceira idade. Sós, estes artistas nunca teriam orçamentos para tais obras, até porque não existem para elas espectadores dispostos a pagar voluntariamente para as apreciar. A solução foi criar um sistema de subsídios para a cultura para que todos contribuam, mesmo os que não assistem, bastando para isso pagar o IVA da sua cerveja mini ou do seu coirato. Mas algo não está a funcionar. Ontem o Saramago, hoje a Maria João Pires, amanhã, quem sabe, os Polo Norte ou o João Baião...

Grátis

O transporte gratuito no autocarro da empresa pode ter por vezes custos altos e imprevistos como ser presenteado pela manhã, no regresso a casa, com uma versão brasileira de 'Angels' de Robbie Williams vomitada pelo sistema de som da viatura enquanto alguém disserta sobre o tema sempre actual das excursões a Fátima, fazendo-nos notar como nelas vai sempre um 'coxo ou marreco', passando por teorias conspiratórias de reciclagem de cera de vela pois 'eles depois aproveitam aquilo tudo p'ra fazer novas e vender outra vez'... Agradeço à minha mãezinha o facto de não me ter educado segundo a religião islâmica. A minha mochila poderia ter outro conteúdo e eu poderia ter vontade de rebentar. Literalmente.

Boa ideia!

Li algures que a Microsoft vai entrar 'em força' no mercado dos anti-virus. Isto significa que vão continuar a vender problemas mas vão começar a cobrar para os resolver. Ou li mal?

É muito à frente, só isso...

Rui Reininho, para minha total surpresa, admitiu em entrevista ter experimentado drogas. Sinto-me portanto aliviado pois felizmente isso não afectou a sua obra como se pode facilmente constatar pela distinta fluidez da linha de raciocínio, clareza da semântica e pureza lírica de que são exemplo os seguinte extractos:

"Eu bebi sem cerimónia o chá
À sombra uma banheira decorada
Num lago de shampôo
E dormi como uma pedra que mata
Senti as nossas vidas separadas
Aquário de ostras cru

Ana Lee, Ana Lee
Meu lótus azul
Ópio do povo
Jaguar perfumado
Tigre de papel

Ana Lee, Ana Lee
Num lótus azul
Nada de novo
Poente queimado
Triângulo dourado

Se ela se põe de vestidinha
Parece logo uma princesinha
Num trono de jasmim
E ao rir−me, embora em verde tónico,
No país onde fumam as cigarras
Deixei−a a sonhar por mim"

ou ainda em:

"Tirana é um lugar Quem sabe?
Difícil de encontrar
É tirar à sorte e dar
Avançar retirar
Tirana é uma menina Foi
Muito sedutora
Atirar à sorte P`ro ar
Sem o intuito de acertar

2x3 = 6 multiplicar somar
Carne p´ra canhão despir investir
3 - 2 =1 é só subtrair
Aprender a dividir para poder reinar

Tirana é sofrimento Foi!
É ferida e unguento
Tirana é sincera
Mas só por um momento
Tirana é bom nome Foi!
Para quem não sentiu fome
Se ela ainda te enganar
Não vais partir e podes cá ficar"

Eu estava a pedi-las...

Folheio a revista Caras. Leio o título, em dupla página:

"Joaquim Monchique: 'Já concretizei todas as minhas fantasias sexuais'

Leio a primeira linha do texto:

"O cenário está montado."

Não leio mais.

Então é isto que se chama música!


Existem sons capazes de nos acariciar o ouvido e tornar-nos crianças pedindo mais e mais. Ouço pela primeira vez o novo album de Elvis Costello - Live With The Metropole Orkest - My Flame Burns Blue. Fantástico. Mas não acreditem na minha palavra. Ouçam. De preferência enquanto chove.

Elogio da crítica

Há coisas que me transcendem. E ainda bem. Ou deixariam de existir mistérios para mim que nunca almejei saber tudo sobre tudo. Contento-me portanto com saber algo sobre o que me interessa. É por isso intrigante descobrir-me a pensar sobre assuntos que têm tanto interesse para mim como debater a influência do diâmetro médio do 'sombrero' mexicano no crescimento da papolinácia da Beira Baixa ou a família real portuguesa. Isto porque ainda hoje fui surpreendido por mim mesmo a pensar sobre... os críticos... O que é um crítico e para que serve? Estranhamente tive para isso a mesma resposta pronta que na altura em que um meu amigo me perguntou para que serve um texugo e que foi nenhuma. E é em alturas como esta que o nosso sistema educativo me parece, por vezes, pouco abrangente.

Sendo persistente (teimoso), continuei a pensar, embora confesse seja coisinha a que não estou muito habituado, tendo chegado a uma conclusão, pelo menos para mim, satisfatória: um crítico serve para poupar, a quem o ouve ou lê, o trabalho de criar uma opinião. São muitas vezes sub-valorizados no seu trabalho incansável de manter a actividade cerebral do seu auditório em níveis só comparados com o rácio impostos-benefícios oferecido pelo estado português. Assim, basta-nos aceder à crítica de um livro, filme, peça de teatro, decisão política ou personalidade pública para, com o mínimo de esforço, podermos criar uma opinião sem nos obrigarmos a conhecer o assunto em questão. A sua utilidade torna-se inquestionável se tivermos em conta a quantidade de opiniões que tantas pessoas se obrigam a regurgitar numa conversa para parecerem inteligentes, sabendo-se à partida que o objectivo de qualquer discussão é fazer com que o nosso interlocutor se sinta estúpido. Pensem nisto de cada vez que, por estarem a ler um livro ou a ouvir música, perderem as preciosas, sensatas, desinteressadas e altruistas opiniões dos nossos críticos de política e de artes, não esquecendo a distinta figura do crítico social que nos dá a conhecer pessoas tão importantes para a sociedade portuguesa que de outra forma nunca saberíamos da sua existência.