Pensamentos (auto)móveis


Há dias e sítios que não são mesmo para tentar conduzir... Viajo entre Santiago do Cacém e Vila Nova de Santo André para descobrir que, sem o meu conhecimento prévio, agora se anda a 40 Km/h dentro e fora das localidades. Ou então era o senhor que ia à minha frente num Peugeot 206 que pensava assim. Mais devagar e estaria a andar para trás. Tento ajudar. Depois de o ultrapassar, faço mudar o semáforo para vermelho, passando ainda com o amarelo, só para que esse senhor possa descansar um pouco.


Regresso a Santiago e estaciono. Demoro-me um pouco a ler algo e, assim do nada, sinto uma pancada no carro que o deslocou um pouco para trás. Buzinei. Não obtive reacção. Saí e fui falar com o condutor da viatura que me tentava abalroar. Era um 'homenzito' que tentava estacionar uma Peugeot 307 à frente do meu carro e que, prontamente, abriu a janela. "- O senhor importa-se de não estacionar em cima do meu carro?", perguntei. "- Bati-lhe? Não dei por nada!", disse ele. Aceitei o que me pareceu ser um desafio e tentei dizer algo ainda mais disparatado. "- Por pouco empurrava-me para outro fuso horário e não deu por nada?" disse eu com um sorriso, confiante de que tinha ganho.


Há sempre algo comum entre os condutores de Peugeots de meia-idade. São demasiado poupados para comprarem um Toyota, não gostam o suficiente de conduzir para comprarem uma marca alemã e são demasiado orgulhosos para comprarem Citroën e assim dizer ao mundo que já viveram, trabalharam, tiveram filhos, netos e que agora estão só à espera de morrer. São, no entanto, demasiado confiantes das suas capacidades de condutor para acreditarem que assim chegam mais cedo ao destino do que se caminhassem.

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