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Leio uma entrevista na revista Super Interessante de Novembro. O entrevistado é um cientista Dinamarquês, Henrik Svensmark de sua graça. Para mal dos seus pecados este homem deparou-se com provas cientificas de que afinal o aquecimento global também tem causas naturais! E disse isso publicamente! Sacrilégio!

Aparentemente este senhor descobriu que, pasme-se, as nuvens ajudam a dissipar o calor recebido pelo planeta e que (agora é que a porca torce o rabo) a formação de ditas depende de factores externos ao planeta, como é o caso das variações na actividade solar e alguns até mesmo ao próprio sistema solar, caso dos raios cósmicos provenientes do meio inter-estrelar, sobretudo de explosões de supernovas! O artigo explica que "as partículas cósmicas têm de entrar na heliosfera (o espaço dominado pela nossa estrela) através do vento solar (um plasma de electrões, núcleos atómicos e campos magnéticos que emanam incessantemente do Sol). Se o vento solar estiver muito activo, como acontece agora, não permite que muitos raios cósmicos alcancem a Terra. Isto significa que se irão formar poucas nuvens e o planeta ficará mais quente. Se o vento solar não for tão activo, poderão chegar mais raios cósmicos, pelo que haverá um número maior de nuvens a reflectir para o Espaço a luz do Sol e o planeta permanece mais frio".

E como sabe esse gajo que isso tem influência na formação de nuvens, pergunta o leitor enquanto mastiga vigorosamente a sua beterraba, não sem antes confirmar no seu rótulo de papel reciclado que o tubérculo não é transgénico? Fácil. O senhor Svensmark e os amigos, que possivelmente nem são assim grandes apreciadores de futebol, explica que gastaram o seu tempo, uns "cinco ou seis anos", de volta da seguinte diversão: "controlar o interior de uma câmara de oito metros cúbicos com uma combinação de gases igual à da atmosfera, a fim de simular um ar tão limpo como o do Pacífico. Ao manter as concentrações constantes, e alterando apenas a ionização (a quantidade de cargas eléctricas) comprovámos que se produziam, na câmara, as condições básicas para a formação de nuvens. Descobrimos por conseguinte que a ionização na atmosfera modifica a nebulosidade e, através disso, a quantidade de calor que alcança a Terra". Ora toma lá que já almoçaste! Agora se lhe perguntarem quem ganhou o campeonato europeu de futebol...

Mas se o leitor é daqueles que tem vindo a controlar a flatulência para evitar o aquecimento global irá certamente retorquir que esta fraude deve estar a ser financiada pelas empresas petrolíferas. Pois bem, acontece que o financiamento dele provém da Fundação Carlsberg que, segundo ele, é uma das maiores fontes de recursos para os cientistas do seu país.

O problema agora está em fazer-se ouvir. Depois de os governos de todo o mundo, até mesmo os que não assinaram o tratado de Quioto, terem imposto pesadas taxas sobre tudo quanto emita CO2 (ainda podemos respirar livremente mas não se sabe por quanto tempo, não tarda começamos a pagar imposto sempre que fazemos desporto), quem vai agora dar-lhe ouvidos quando diz que a responsabilidade não é exclusivamente nossa? Até porque um estudo recente demonstra que do CO2 emitido para a atmosfera, apenas uma pequena parte deriva da actividade humana. E segundo um relatório recente da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o sector pecuário gera mais gases com efeito de estufa – 18%, medidos em equivalente de CO2 - que o sector dos transportes. Uma vaca devia pagar mais do que o meu carro. O Sr. Svensmark é um cientista, deve fazer pouco desporto e ainda por cima aparenta estar velhote. Se tem o azar de se cruzar com o Al Gore ainda leva é uns tabefes que é para não vir com verdades inconvenientes.

E nós todos aqui à beira do suicídio, desgostosos e deprimidos porque todos os dias nos dizem que se não usarmos os transportes públicos vamos morrer e somos confrontados diariamente com este dilema: deixo o meu automóvel queimar uns litros de gasolina para ir às compras ou dou já um tiro na cabeça e acabo de vez com a minha poluente existência? Ai não que o chumbo polui! Deixe-se disso, liberte a flatulência que há em si e beba um six pack de Carlsberg. Não necessariamente por esta ordem.

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